03 de março de 2014
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Máquina Enguiçada
Conseguir o que se espera de certas pessoas é como comprar comida em uma máquina enguiçada. Você põe a moeda, cria uma expectativa. Em raras vezes, a espiral roda, a comida cai no tempo esperado e você sai satisfeito por matar sua fome. Mas, na maioria das vezes nada cai. E você já usou as moedas que tinha. Mas, nada cai. E você fica parado olhando, morrendo de fome, tentando entender o que está errado. Às vezes até se arrisca a sacudir a máquina, empurrar, tentar digitar o número de novo. Algumas vezes isso funciona, outras não. A máquina é totalmente imprevisível e responde apenas aos seus impulsos próprios. Em algumas vezes a espiral roda, mas nada cai. Em outras vezes nada acontece, mas a máquina devolve sua moeda. Você enfia de novo porque está com fome, mas a máquina insiste em cuspir sua moeda de volta. Quando ela não quer, não quer mesmo. Mas, o pior é tudo é quando ela atrasa. Você põe a moeda, a espiral vira mais nada cai. E você tenta de tudo, mexe em tudo, sacode, revira, até finalmente desistir. Irritado, cansado e faminto você lamenta o incidente e a fome que não se foi, e tenta se conformar de que a morda foi perdida e a comida não virá. Mas, quando você já passou pelo estado de aceitação doloroso e já se deu por derrotado, fracassado por completo, eis que a espiral gira um centímetro e libera a comida. Mas, sua frustração é tanta, sua decepção tão grande, que mal consegue apreciar a comida sem sentir o gosto amargo da arbitrariedade cruel que a trouxe até você. Então, só te resta tentar comer tudo para tentar saciar a fome, mesmo com o nó apertando a garganta e a humilhação de ter que se sujeitar aos vais-e-vens da máquina.
03 de março de 2014
03 de março de 2014
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